Num ápice foram percorridos os lugares descobertos naquele que é já tempo remoto de viagens distantes. Foi atravessado um mundo denso e como que a síntese de uma grande viagem pelo conhecimento dos lugares de Portugal. Foram as paisagens da Beira com os seus castelos que nos falam da expansão de uma fronteira para o Sul, nos alvores da nacionalidade; foi o forte carácter telúrico da terra transmontana; foi a humidade verdejante do Minho e a maresia atlântica do litoral a sul do Douro; foram as curvas da estrada do labiríntico pinhal central e, atravessado o Tejo, a planura longínqua meridional. Depois de transposta a enigmática e «vazia» serra algarvia, estávamos no Sul, de novo defronte do mar, mas agora era o mundo mediterrâneo, luminoso e transparente, que estava diante dos nossos olhos. Sim, atravessáramos também as enormes e descontínuas cidades, a construção progressiva de um território humano. (pp.15-17)