O terreiro em volta da praça de touros de Montemor-o-Novo poderia parecer destinado a parque de estacionamento de automóveis em dias de tourada. Mas quando a Praça do Rossio foi inaugurada, no dia 6 de agosto de 1882, não existiam automóveis. Quase sempre estes espaços arrabaldinos de povoações antigas eram o espaço da feira, muitas vezes associado ao calendário religioso. Era o comércio de mobilidade que vinha ter com as populações e que para aí atraía gente de todas as aldeias vizinhas. Eram lugares de encontro, de troca de bens materiais, mas também de conhecimento e partilha de experiências de vida. Ao redor da antiga praça de touros observamos hoje o espaço de um desenvolvimento urbano a fazer lembrar uma grande cidade. Lisboa não está longe. Talvez um dos motivos de alargamento da malha urbana da vila alentejana se prenda com o movimento de uma população citadina que quer fugir da grande metrópole, mas que vai iniciar outras metrópoles, em lugares outrora de pequena e pacífica dimensão. (pp.252-253)