Os Portugueses chegaram às ilhas de Cabo Verde no século XV. Fixaram-se na foz de um vale profundo e único. Fundaram a Ribeira Grande de Santiago e uma batalha com o devir. Foi uma cidade que não soube lidar com o território que a acolheu. Talvez tenha declinado por uma sucessão de erros de planeamento, de implantação dos seus edifícios e de sobredimensionamento dos mesmos. Tudo estava demasiado próximo do mar e simultaneamente das montanhas, num espaço apertado, sem perspectivas de crescimento. A ribeira grande era, afinal, pequena. Talvez na fundação do lugar tivesse havido a sedução dos trópicos, de um clima quente de água abundante e uma vegetação luxuriante, mas tudo numa escala reduzida. Este espaço escondeu a ilusão de um paraíso, que tornou breve o sonho de uma cidade.