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Foi procurada nesta abordagem a frontalidade e a justeza que emana das fotografias de Orlando Ribeiro. As fotografias são documentos, mas também a conceptualização de um olhar fascinado. No contexto desta recolha houve fotografias que «funcionaram» melhor do que outras. Casos houve ainda em que por vários motivos não foi possível fotografar o sítio. Apenas a título de exemplo, um desses locais foi em Malpica do Tejo, no distrito de Castelo Branco, onde depois de se perguntar e conversar com mais de vinte pessoas, ninguém soube dizer o sítio, tais eram as diferenças do passado para a atualidade. Na Gafanha da Nazaré, nas proximidades de Aveiro, na demanda de um estaleiro naval representado numa fotografia, ao contrário de Malpica, houve a informação de que nada existia atualmente do que aquela fotografia representava. Aqui não havia qualquer referência material do que ali existira no passado. Esta foi a metodologia seguida: em caso de dúvida, falar sempre com as populações locais e ouvir o espanto e a, muitas vezes, saudade de um tempo que passou. Não raras vezes os locais eram identificados pelo conhecimento que alguém tinha dos habitantes que moraram nessas casas, hoje já desaparecidas. Foi o que se passou com a fotografia de Rihonor de Castilla, essa aldeia cortada a meio por uma linha de fronteira, ou de Silvares, no concelho do Fundão. (pp.13-15)

Estudo de itinerários para o trabalho de campo.