173-1937 Rio Ponsul. Malpica do Tejo. Castelo Branco
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O Ponsul corria entalhado num leito rochoso, numa paisagem despida e aparência seca, característica da Beira Baixa, que aqui mantém os traços do ambiente alentejano. A construção da barragem espanhola de Cedillo, no rio Tejo, em 1978, com a criação da sua albufeira, fez elevar o nível das águas a ponto de chegar a uma antiga ponte que ligava Malpica do Tejo e Monforte da Beira a Castelo Branco. O crescimento da vegetação nas margens do lago levou a uma alteração profunda da aparência da paisagem, a ponto de a tornar quase irreconhecível. (pp.44-45)
«A pequena distância a SE de Castelo Branco o Ponsul marca na fraca ondulação do solo um vinco profundo. Na verdade, um vale dissimétrico, espécie de degrau paralelo à direcção principal do rio, que pode seguir-se, perto do rumo de NE-SW, desde Vila Velha de Ródão até para além de Idanha-a-Nova. Junto desta vila forma uma escarpa granítica, imponente, que a estrada galga por uma subida penosa. Aos pés dela estendem-se, na perfeição das suas planuras, as Campanhas da Idanha, terras nuas de cereal, e a mancha escura dos montados do Campo do Aravil. A Serra de Monforte, de dimensões modestas, emerge também de um chão arborizado. Mais ao longe, de leste para oeste, abriu o Tejo uma garganta fundíssima, antes de alargar-se nas cascalheiras de Ródão, para logo se precipitar, impetuoso e sussurrante, na estreita porta, aberta no alinhamento perpendicular dos quartzitos.» (Orlando Ribeiro. Uma região portuguesa de transição: a Beira Baixa, 1944. Opúsculos Geográficos. VI. Estudos Regionais, 1995)