Vindo do Fundão cheguei cedo a Silvares, ao nascer do dia. Fui procurar o local onde Orlando Ribeiro tinha feito a fotografia que me acompanhava. Dei uma primeira volta, de carro, por toda a aldeia, mas não encontrei nenhuma construção que se assemelhasse aos edifícios de paredes de xisto que estavam naquela imagem. Parei junto à igreja. Como habitualmente fazia no decurso deste levantamento fotográfico, fui perguntar às pessoas que encontrava se me sabiam precisar onde era aquele local representado na fotografia. Num supermercado ninguém me soube responder. Entrei num café ali perto, no balcão estava um homem já de alguma idade. Pegou na fotografia e, após um silêncio breve, enumerou um a um os habitantes de cada uma das casas. Indicou-me o local, saí do café e fiz a fotografia. Era no exato local onde eu me encontrava, onde tinha estacionado o carro. (pp.38-39)