O conhecimento sumário de outros arquivos e da história da fotografia em Portugal sugere-nos que muitas das fotografias de Orlando Ribeiro foram as primeiras a registar determinados lugares e realidades. Num país que vivia em acentuada pobreza e franco isolamento, Orlando Ribeiro, com uma curiosidade imensa, começa a desbravar e revelar um Portugal que era então de muitos poucos conhecido, inclusivamente do poder político e dos órgãos decisores da Nação, situação que, creio, ainda hoje se mantém. Será este mesmo conhecimento que o irá levar a uma das interpretações mais significativas do entendimento da Geografia de Portugal, do carácter e génese do nosso território, das nossas paisagens e arquiteturas. Atualmente, vivemos mergulhados numa imensidão de fontes bibliográficas sobre os mais diferentes aspetos de Portugal. Na década de trinta do século XX, essas fontes eram praticamente inexistentes. Quando Orlando Ribeiro tem a possibilidade de começar a fotografar, vai registar um país onde muitos dos lugares por si registados nunca haviam sido escrutinados por uma descodificação científica. Orlando Ribeiro percorre paisagens que lhe eram totalmente desconhecidas através de fontes visuais. Hoje, com alguma dificuldade nos deparamos com paisagens que não conhecíamos de outras imagens, agora quase sempre divulgadas através da Internet. (p.19)