A fotografia de Orlando Ribeiro retrata toda a complexidade e profundidade de um olhar seletivo, científico, mas também emotivo e sensível. E este é um dos mais desconcertantes aspetos do seu trabalho fotográfico. A fotografia de Orlando Ribeiro encerra a contenção de um olhar «certeiro». É uma fotografia que se enquadra com o próprio mundo que fotografa, como que respeitando um código ético que emanava das paisagens, do espírito dos lugares, das pessoas que os habitavam. Imagens de despojamento e austeridade são o reverso das suas próprias vestes e calçado, que eu próprio fotografei em Vale de Lobos, em 1997, com que demoradamente percorria uma imensidão de sítios. Estamos perante uma recolha fotográfica que se desenvolve ao longo de quase cinquenta anos, com uma notável coerência e solidez. Não há «artifícios», não existe design desnecessário. Há o labor da concentração da leitura e interpretação científica dos elementos que fotografa, com depuração e uma atenção polarizada em diferentes situações. Há uma aparente facilidade com que se detém no relato simultâneo dos elementos estruturais do território e nos seus pormenores. (p.11)
livros
Mesa de leitura de Orlando Ribeiro, que fora pertença de Leite de Vasconcelos.
Vale de Lobos, 1997.