Lugar

Há um espaço base, uma superfície, onde tudo se joga. É o mundo visível e fotografável, onde convivem diversas dimensões do não visível, onde podemos encontrar o fio condutor de um registo e uma forma de o comunicar. Os lugares revelam-se numa enorme ambivalência. Por um lado temos um espaço despojado, tendencialmente, ausente de uma intervenção humana, é muitas vezes a Natureza intacta, mas sempre, sempre descodificada por um olhar particular. A fotografia vai ser um primeiro filtro e uma representação que se afasta do representado. Mas nesta Natureza intacta desenvolve-se a consciência da singularidade de uma espécie e de um conceito recente numa escala geológica, a própria humanidade. Num extremo oposto de uma infinita diversidade de lugares, que sempre se articulam com uma dimensão temporal mutante, temos a mais elaborada construção e afirmação de um carácter diferenciador. São as cidades, o lugar dos homens, o poderoso, mas muitas vezes efémero, desenho de um espaço próprio de habitar, que cada vez mais se afasta dessa Natureza onde se joga uma vida com regras um pouco diferentes.

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