Processo (2/2)

A fotografia é aqui a face visível de um percurso, de um literal caminhar. São tempos que se interligam num jogo estranho, que começa com a programação de um movimento, de uma viagem, de uma recolha fotográfica e que, quase invariavelmente, termina num projecto que se vai tornando mais complexo. Formulação de pensamento em palavra. Nessa deslocação há um aproximar sucessivo à terra, à Natureza, mas também às construções humanas e às cidades. Há o manuseamento de instrumentos, de ferramentas de aproximação. Há a definição de metodologias de trabalho, que, ao invés de condicionarem a repetição de gestos, nos transportam para um plano de pesquisa elevado de novos itinerários entre a claridade e a escuridão. Da relação de uma fotografia de interpretação com uma outra documentalista, resulta uma teia complexa e fascinante. onde se jogam opções subtis e a tentativa de adensar uma capacidade de comunicar pela imagem e de, simultaneamente, revelar as dimensões ambíguas dos objectos, do ser e do estar. Neste mundo denso de fotografias, resultará um arquivo que, por si só, definirá um lugar de habitar. Esta é uma casa a que diariamente se juntam novos espaços, num território nosso.

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