O inquérito à Arquitetura Popular em Portugal, publicado pela Associação Nacional dos Arquitectos, em 1961, foi uma obra que em muito teve por base o Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico, de Orlando Ribeiro, e fixou, num momento limite, a imensidão e a qualidade de uma arquitetura que estava à beira do seu fim. Quando o poder central, liderado por António de Oliveira Salazar, aceitou a proposta do arquiteto Keil do Amaral, para um levantamento da arquitetura tradicional portuguesa, o que esperava encontrar era a legitimação de uma ideologia de aprofundamento de ideias nacionalistas baseadas na casa portuguesa. Defendia-se que havia uma casa típica em Portugal. Mas o levantamento do inquérito vai mostrar justamente o contrário: existiam afinal uma pluralidade de soluções com estreito vínculo à diversidade das paisagens, em que essas casas eram construídas. Foi este Portugal imensamente diversificado que Orlando Ribeiro já fotografava desde o final da década de 1930. (p.303)