7913-1959 Rio Guadiana. Pulo do Lobo. Santa Maria. Serpa. Beja
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Sensivelmente entre Serpa e Mértola, numa área de povoamento muito rarefeito, devido à aridez do solo, o rio Guadiana apresenta um dos mais raros geomonumentos de todos os rios portugueses. No Pulo do Lobo o rio sofre um estrangulamento imposto pelas suas margens, o que permite, com alguma ousadia, o atravessamento do rio, em dois pulos, de uma margem para a outra. Este facto estará na origem do topónimo do lugar, que o identifica como local de atravessamento de lobos em fuga da perseguição de populações, que os queriam longe das suas aldeias. A partir deste ponto o rio mergulha numa sucessão de quedas-d' água para depois seguir, durante alguns quilómetros, no fundo de um desfiladeiro, de paredes rochosas verticais, escavadas em xisto de cor cinza-escura. (pp.220-221)
«O solo depende estreitamente da rocha-mãe. O clima mediterrâneo não é favorável à formação de solos profundos, estabelecidos sobre grandes espessuras de rocha alterada. Falta a humidade constante durante o ano e o período de maior calor, sendo também o de maior secura, não favorece a alteração química. Pelo contrário, a desagregação mecânica é especialmente activa. As chuvas concentradas, as enxurradas tão frequentes na mudança de estação, descarnam as encostas mal protegidas por uma cobertura vegetal descontínua. Nas áreas montanhosas, as roças e o pastoreio, impedindo a regeneração das árvores e arbustos, abrem caminho à erosão favorecida pelos grandes declives. A terra arável vai-se assim irremediavelmente concentrando nos lugares baixos, talvegues de valeiros ou sopé de relevos, empobrecendo cada vez mais os cimos e as encostas. Durante os meses que dura a seca, o vento revolve as finas partículas formadas pela alteração das rochas que a humidade não aglutinou.» (Orlando Ribeiro. Portugal, 1955 Geografia de Portugal. IV. A Vida Económica e Social, 1991)