7806-1959 Montalegre. Vila Real
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Muitas das fotografias de Orlando Ribeiro têm a capacidade de descrição das relações topológicas, que os vários elementos estabelecem entre si, quer sejam elementos naturais, quer sejam elementos edificados. De notar ainda que estas fotografias são tomadas de pontos de vista, que também clarificam os posicionamentos anteriormente referidos, com o solo que os acolhe. O castelo de Montalegre foi erguido sobre uma colina e, um pouco afastada já no século XX, é construí-da a Igreja do Senhor da Piedade. Ao longe, a norte, avistam-se as terras elevadas e frias que anunciam as montanhas do Gerês. (pp.204-205)
«Montalegre tem temperaturas médias de Inverno à roda de 3°-4°, menos 5° do que no Porto; o número de meses em que a temperatura não desce abaixo de 0 é de 3, contra 7 no litoral. A precipitação é igual à do Porto, pois o afastamento do mar contraria a altitude. A seca estival tem em ambos os lugares a mesma duração. Mas Montalegre tem clima mais rude, com 22 dias de neve e 38 de geada. Com semelhante clima não se cultivam a oliveira nem a vinha; os habitantes consideram o Barroso limitado pelas aldeias onde não se cultiva a vinha. O vinho vem principalmente da vizinha aldeia da Ribeira de Oura. Predominam o centeio e a batata, intercalados com longos pousios. Prados cercados ou com sebes de carvalhos, vidoeiros, castanheiros e choupos, regados ou não, dão vários cortes de feno para o Inverno; o gado é também alimentado com batata, cenoura, nabos, e pasta em manadas nas vertentes montanhosas; as cabras pastam nas gândaras no Iimite das pastagens, às vezes dizimadas pelos Iobos. O concelho de Montalegre possui a menor densidade de gado de Portugal (156 cabeças por km2). As vacas dão as crias da afamada raça barrosã, de pequena estatura e enormes cornos em forma de lira, leite e manteiga.» (Orlando Ribeiro. Apontamentos sobre Trás-os-Montes, 1970. Opúsculos Geográficos. VI. Estudos Regionais, 1995)