A Linha do Tua é, no seu início, paralela à Linha do Douro, e ao próprio rio Douro, mas com um declive ascendente acentuado. Ao infletir para norte, deixa o vale do Douro, e entra no vale do Tua, pela margem esquerda do rio. Numa curta inflexão do trajeto ferroviário, há uma paisagem que se transforma profundamente. Pelo seu carácter inesperado, a vista que se colhe da ponte rodoviária, de onde Orlando Ribeiro fez a fotografia, é das mais impressionantes de todo o percurso da linha ferroviária. Para montante temos o vale do Tua, que neste troço se apresenta muito cavado. É a porta de entrada de um universo surpreendente e único que vamos percorrer. A Ponte das Presas e o túnel com o mesmo nome, que imediatamente se lhe segue, são a primeira expressão de uma intervenção humana que constituiu um dos maiores desafios da engenharia portuguesa do século XIX. Todo o conjunto se encontra perfeitamente enquadrado na paisagem, pois todo ele acaba por revelar uma singular delicadeza face à grandiosidade do vale. No local avançam agora as obras de construção da Barragem de Foz-Tua. (pp.102-103)