1465-1942 Porto. Vitória. Porto
porto_or
porto_db
Esta foi a primeira fotografia que fiz para este trabalho. Já com esta ideia em mente, numa visita ocasional ao Porto, subi à Torre dos Clérigos, onde Orlando Ribeiro estivera e de lá colhera três fotografias. Num primeiro patamar, já relativamente alto, tive a sensação de ter sido dali que era feita a fotografia sobre o edifício da Câmara Municipal do Porto. As referências visuais envolventes eram escassas, nenhum dos mais altos edifícios hoje existentes fora construído. Mas numa observação mais atenta verifiquei que estava abaixo do ponto de captura da imagem. Continuei a subir em verificações sucessivas da perspetiva da imagem. Cheguei ao ponto visitável mais elevado da torre. Sim. Tinha sido dali que fora feita a fotografia. Mais tarde verifiquei que muitas das suas fotografias eram feitas, existindo um chão de apoio, sempre dos pontos mais elevados a que Orlando Ribeiro podia chegar. (pp.92-93)
«A facilidade da travessia fluvial, a velha ponte das barcas, as pontes construídas por Eiffel, uma com dois tabuleiros para peões e carros, outra só para o caminho-de-ferro, a recente ponte da Arrábida por onde passa, sem entrar na cidade, o tráfico das auto-estradas, ligaram o Porto ao subúrbio de Vila Nova de Gaia, muito mais "próximo" dele que qualquer dos lugares da Outra Banda em relação à capital. Com o entalhe do rio a paisagem não muda, tanto a urbana com a dissociação progressiva dos arrabaldes no campo, as indústrias no meio de ramadas e milheirais, como a rural, com a policultura do milho, as latadas de vinha e os espigueiros para guardar o cereal. Pelo contrário, por alturas de Espinho e Vila da Feira, extensas áreas arenosas e cascalhentas introduzem no continuum do povoamento e das culturas os primeiros vazios cobertos de pinhal e eucalipto, que anunciam a Beira Litoral.» (Orlando Ribeiro. Uma região portuguesa do Norte e do Litoral: o Minho, c.1980. Opúsculos Geográficos. VI. Estudos Regionais, 1995)