Portugal (2/2)

Após um ano de viagens constantes, voltava à arquitectura. Mas dois anos mais tarde, depois de um longo processo de procura de financiamento para o projecto Portugal Património, inicio esse trabalho que se prolongará por cerca de dez anos.
Foram as mais demoradas viagens em Portugal, numa sequência constante de saídas ao longo de muitos meses. Um mergulho num Portugal profundo, extremamente diversificado e desconcertante. Foi também o desenvolvimento da noção clara de um processo de transformação do território em movimento de aceleração. Por uma complexa rede viária de velocidades elevadas, tudo se tornava mais curto e a capacidade de construir, numa escala cada vez maior, mudaria a face dos lugares de uma forma nunca antes vista. Era um universal processo de afastamento da Natureza e construção da cidade dos humanos.
Em Fogo frio, nos Capelinhos, aproximei-me de uma dimensão geológica do tempo e da grande máquina terrena que produz o chão das nossas cidades. Foi um recuar a tempos de fabricação do solo e do fascinante movimento constante de uma realidade que era para mim, anteriormente, inerte.

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