Sobre um pequeno edifício do século XIII, na zona ribeirinha do Porto, seria erguida, durante os dois séculos seguintes, a Igreja de S. Francisco, num exemplar arquitectónico de um gótico mendicante que em Portugal se desenvolveu pelas ordens religiosas dominicana e franciscana. A uma certa austeridade espacial, condicente com a pureza e simplicidade da vida religiosa de então, viria, séculos mais tarde, a ser aplicado no seu interior, um recobrimento de talha dourada, numa exuberância decorativa inexistente até então. Era o período histórico marcado pelo ouro do Brasil. Num outro ponto da cidade, numa cota mais elevada e inserida numa malha urbana de ruas apertadas, seria construída, pela ordem de S. Bento, durante o século XVII, a igreja de S. Bento da Vitória, num estilo que concilia uma escala grandiosa com uma enorme sobriedade e dignidade. Desenvolvido em diálogo com a pintura de Francisco Laranjo, este foi um projecto que partiu de duas obras de pintura de António Carneiro e com elas procurou estabelecer um ponto de partida sobre os dois espaços de arquitectura religiosa da cidade do Porto.