580-1938 Rua de São Marcos. São João do Souto. Braga
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A Casa dos Crivos, ou das Gelosias, na Rua de São Marcos, na cidade de Braga, talvez tenha sido um dos motivos que Orlando Ribeiro encontrou para fazer esta fotografia, em que aproveita para mostrar também o enfiamento da rua e, ao fundo, a Igreja de Santa Cruz. A Casa dos Crivos é o mais expressivo exemplar, e praticamente único, de uma decoração de fachada que seria usual nos séculos XVII e XVIII, na cidade. O objetivo destas portadas de madeira, gelosias, que cobriam toda a fachada, seria o de criar um espaço interior mergulhado em penumbra, a partir do qual podia ser observado o exterior, sem ser visto da rua. O motivo desta atitude prendia-se com o recato que era imposto às mulheres por questões religiosas. (pp.60-61)
«Braga, sem a proximidade imediata de um rio, mas talvez com um porto romano sobre ele, ocupa o fundo de uma depressão amplamente aberta. Capital de um povo calaico, os Brácaros, foi, pela posição central, romanizada e erguida a sede de convento, segundo o sistema romano de preferir as posições-chave do interior às cidades excêntricas do litoral. Encruzilhada importante de estradas: a de Lisboa pelo Porto e Tuy, per loca maritima, isto é, pelo fundo das rias, com seus portos recolhidos e bem defendidos, a de Astorga, outra sede de convento, pela jeira do Gerês, em uso até ao século XVII. Bracarum Opidum Augusta certifica a existência de um povoado pré-romano, muralhado, de circuito modesto, no tempo de Caracala (J. de Alarcão). A sua área conjectural é pouco superior à de Évora e Conímbriga, muito maior que a de Aquae Flavia (Chaves) e Egitânia (Idanha-a-Velha) mas inferior à de Olisipo (Lisboa) e Aeminium (Coimbra). Já então uma cidade do Norte, de funções administrativas importantes mas de dimensões modestas, depois capital do reino efémero dos Suevos, bispado que, como "primaz das Espanhas", disputou o grande papel do maior centro de peregrinação medieval — Santiago de Compostela.» (Orlando Ribeiro. Uma região portuguesa do Norte e do Litoral: o Minho, c.1980; Opúsculos Geográficos. VI. Estudos Regionais, 1995)