Projecto desenvolvido com o objectivo de articular fotografias e texto numa relação de proximidade, na procura do estabelecimento de uma sequência múltipla e complexa, onde está presente uma forma narrativa. Pretende-se, desta forma, criar no leitor interpretações diversas. Uma paisagem, o coberto vegetal, as pedras, o fogo, podem estar repletas de conotações que transportamos para o nosso mundo dos sentidos e do sentir. É de uma possível descodificação destes elementos ‘naturais’, que parte o conceito deste trabalho. É também uma reflexão sobre a comunicação e sobre a linguagem.
“Habitar um tempo antigo perpetuado no fino recorte de uma pedra lavrada. Desenho de uma arquitectura branca. Silêncio. O confronto com um tempo que, por vezes, parece ter parado, mas que passou, pouco ou nada deixando à sua passagem. Na sua materialidade, não deixou memória, mas um ser diferente, um rio mais caudaloso. Territórios de pousio da existência. O branco do papel, onde se é tudo o que não se consegue dizer, numa luta de procura de palavras. Alento no tempo futuro. Procurar nas periferias, captar pedaços de histórias, sinais ténues, memórias fragmentadas. Um jogo de luzes breves, aleatoriamente dispersas.” (excerto de texto que integra a edição).